A MUDANÇA DOS TEMPOS E O COVID-19

Nada nos é mais confortável do que o sentimento de segurança. Segurança na rua, segurança em casa, segurança no trabalho, e criamos todos nós, todos os dias mecanismos próprios e individuais para nos sentirmos mais seguros.

O facto de vivermos em comunidade e sociedade, obriga-nos a cumprir também modelos de organização, procedimentos e atitudes, que têm vindo a mudar ao longo dos tempos e a ganhar uma importância vital para as instituições de saúde, sejam públicas, privadas ou do sector social.

A Comissão de Controlo de Infeção da Santa Casa da Misericórdia, com a sua equipa multidisciplinar tem como missão a regulamentação e implementação de todos os procedimentos que estão perfeitamente definidos de uma forma exaustiva e minuciosa a nível internacional nos modelos de certificação de qualidade, quer pela Direcção-Geral de Saúde quer pelo programa PPCIRA.

O atual momento em que vivemos de convivência com o Covid-19, veio de forma brusca e imprevisível demonstrar a nossa necessidade de melhoria, de rigor e vigilância em todos os atos e atitudes que, em ambiente hospitalar (e não só), são fundamentais para a segurança, quer de profissionais quer de utentes.

Os corretos procedimentos de controlo e transmissão de infeções, se por um lado não dependem de decisões individuais e de vontades próprias, por outro, é ao nível do gesto pessoal, de cada um de nós que se for rigorosamente desempenhado e interpretado com a responsabilidade que nos é transmitida, que vai fazendo a diferença, voltando a devolver-nos a segurança de permanecer em espaços públicos e a continuar a procurar serviços de saúde.

Nunca, os gestos simples (ou que parecem simples) como lavar as mãos e higienizar os ambientes de trabalho, manter distanciamento social foram tão importantes. Se outrora parecia um capricho de alguns, hoje o exagero revela-se insuficiente. Não há limites para o número de vezes que é importante explicar e voltar a explicar a importância de todos os gestos. Uns mais simples que outros. Mas todos IMPORTANTES.

A forma de ultrapassarmos a barreira de distanciamento provocada pela utilização das máscaras dos profissionais do sector da saúde, bem como a abolição dos cumprimentos com beijo e abraço é a lembrança permanente e constante de que os outros nos estão a proteger!

Restituir a confiança e a esperança é um capital anímico fundamental para impulsionar a adoção e cumprimento de medidas exigíveis e empreender as ações necessárias nestas circunstâncias. Numa palavra, devemos ter esperança que nos tempos vindouros solidariedade e generosidade rimarão melhor com comunidade e humanidade.

Maria José Coutinho, Responsável pela área administrativa do Hospital D. Manuel de Aguiar