PAPEL DO FISIOTERAPEUTA NA UNIDADE DE CUIDADOS CONTINUADOS INTEGRADOS

A Organização Mundial da Saúde (OMS) define “saúde” não apenas como um estado de ausência de doença, mas como um bem-estar físico, mental e social do indivíduo. A fisioterapia, sendo uma das áreas de ciências da saúde que visa estudar, diagnosticar, prevenir e reabilitar o utente, encaixa-se perfeitamente na anterior definição, visto que se centra na promoção da saúde e também na prevenção da doença. O fisioterapeuta é um profissional apto a atuar em diversas áreas e em diferentes contextos, nos quais posso destacar a área de músculo-esquelética, neurologia, respiratória, pediatria, reabilitação pavimento pélvico, reabilitação vestibular, reabilitação cardíaca, geriatria, reabilitação desportiva, fisioterapia dermato-funcional, pilates clínico, entre outras. Deste modo, torna-se necessária a realização de formação específica nas áreas de intervenção e interesse, com vista a uma prática mais fundamentada e com base na evidência científica. No entanto, esta especialização leva a que, muitas vezes, o profissional tenha uma visão reducionista do quadro do utente, em vez de o avaliar e tratar como um todo. É importante ter em conta que para além do utente possuir uma determinada doença/lesão, há outras dimensões que podem condicionar a sua recuperação, tais como a história clínica anterior e o contexto familiar e socioeconómico.

Na Unidade de Cuidados Continuados Integrados (UCCI) da Santa Casa da Misericórdia de Leiria, é feita uma avaliação completa de cada utente, com vista à implementação de um tratamento personalizado, abordando todas as dimensões do problema da pessoa. A abordagem do fisioterapeuta é feita em articulação com uma equipa interdisciplinar de modo a encontrar a melhor estratégia de intervenção a adotar, com vista à exploração e maximização das competências do utente de modo a promover a sua autonomia e independência.

Neste sentido, são dadas estratégias ao utente, família e cuidadores para que no futuro sejam capazes de adotar comportamentos que permitam manter a sua autonomia nas diferentes tarefas do dia-a-dia.

A complexidade da abordagem em UCCI reforça a importância da componente humana do fisioterapeuta na prestação de cuidados como base para o desenvolvimento e aplicação das competências profissionais e académicas, visto que sem estas aptidões torna-se impossível tratar um utente ou permitir que este adira a um determinado plano de tratamento.

O saber cuidar e tratar é muito mais do que aplicar técnicas, é saber ser humano perante o outro que está debilitado. Criar empatia e confiança com o utente demonstra melhores resultados. Acreditar que o utente é capaz, e fazê-lo acreditar que é capaz ultrapassa, muitas vezes, prognósticos existentes.

É neste foco que se trabalha com dedicação e amor todos os dias, sendo possível por vezes verificar pequenos “milagres”. Reabilitar é mais do que capacitar, é fazer acreditar que das pequenas coisas se pode conseguir alcançar os objectivos pretendidos.

Sara Leal - Fisioterapeuta responsável
pela Unidade de Cuidados Continuados
do Hospital Dom Manuel
de Aguiar de Leiria 
(autora escreve com o actual
acordo ortográfico)