Artigo de opinião da Dra. Liliana Portela - Especialista em Psicologia

O que é EMDR?

EMDR – Eye Movement Desensitization and Reprocessing, significa Dessensibilização e Reprocessamento através do Movimento Ocular. O EMDR parece abordar questões psicológicas de maneira não usual. A técnica não recorre à terapia de fala ou a medicamentos. Trata-se de um método de dessensibilização e reprocessamento de experiências emocionalmente traumáticas através de estimulação bilateral do cérebro, que promove a comunicação entre os dois hemisférios cerebrais. O EMDR usa o movimento rápido e ritmado do próprio paciente. Esses movimentos oculares atenuam o poder de memórias de eventos traumáticos com grande carga emocional.

O seu uso tem-se tornado cada vez mais popular, especialmente para o tratamento de Perturbação de Stress Pós-Traumático. Esta perturbação, normalmente ocorre após experiências como guerra, agressão, violação, acidentes automobilísticos, entre outros.

Esta nova abordagem para o tratamento de traumas emocionais foi desenvolvida pela Doutora Francine Shapiro, psicóloga americana, no final da década de 80, e desde então tem sido um dos métodos psicoterapêuticos mais amplamente pesquisados nos EUA, com recomendação especial da Associação Americana de Psiquiatria.

Como funciona o EMDR?

Uma sessão de terapia de EMDR pode durar até 90 min. O/A terapeuta irá movimentar os dedos de um lado para outro à sua frente e pedir-lhe para seguir os movimentos da sua mão com os olhos. Ao mesmo tempo, o/a terapeuta solicitará que se recorde de um evento perturbador. Isso inclui as emoções e as sensações que o acompanham.

Gradualmente, o/a terapeuta irá guiar os seus pensamentos perturbadores para outros mais agradáveis. Alguns terapeutas utilizam técnicas alternativas de estimulação, como toques nas mãos ou sons musicais alternados.

Antes ou depois de qualquer tratamento de EMDR, o/a terapeuta irá pedir que avalie o seu nível de perturbação. A expectativa é que os efeitos limitadores das memórias perturbadoras sejam reduzidos.

O processamento natural da informação é reposto e assim, após uma sessão com EMDR, a perceção psicossensorial já não se manifesta como antes, quando o acontecimento traumático é trazido à mente. As memórias ainda são recordadas, mas o efeito perturbador desaparece. O EMDR recria o que acontece naturalmente durante o sonho ou o sono na fase REM (Rapid Eye Movement) e pode ser encarado como uma terapia de base fisiológica, que ajuda a pessoa a encarar e viver os traumas de uma forma nova e sem os efeitos perturbadores.

Para além da Perturbação de Stress Pós-Traumático, o EMDR é também utilizado para tratar vários outros problemas psicológicos, entre eles: ataques de pânico, perturbações alimentares, perturbações de humor, dependência química e ansiedade, como dificuldade de falar em público ou fobia a tratamento dentário.