“A IMPORTÂNCIA DA HUMANITUDE NA SAÚDE MENTAL DOS NOSSOS UTENTES”

A necessidade de institucionalização de idosos deriva muitas vezes de fatores associados a um elevado grau de dependência ou perda da capacidade funcional, assim como de uma dificuldade na inserção do meio social e familiar.
Nesses quadros observam-se elevadas taxas de prevalência de perturbações depressivas, ansiógenas, sentimentos negativos de solidão e quadros demenciais. Desta forma, e neste contexto, torna-se fundamental a promoção da saúde mental e da autonomia, a prevenção de possíveis quadros de sintomatologia ansiógena e depressiva, o reforço da autoestima, o despiste de outras patologias associadas, a minimização de sentimentos negativos de solidão e a prevenção ou retardamento do declínio cognitivo.

O envelhecimento em Portugal, assim como globalmente, é uma tendência demográfica significativa, trazendo à tona desafios que exigem respostas construtivas e viáveis. A institucionalização de idosos frequentemente resulta de condições sociais e familiares que, quando não conseguem oferecer o suporte necessário, levam à busca por cuidados especializados. É crucial abordar asdificuldades enfrentadas pelos cuidadores, que muitas vezes lidam com angústias emocionais e sobrecarga. Compreender essas dinâmicas é fundamental para desenvolver políticas e práticas que melhorem a qualidade de vida tanto dos idosos, como de quem cuida deles, promovendo uma abordagem mais humana e inclusiva ao envelhecimento.

Diariamente, e atendendo às caraterísticas individuais de cada um dos nossos utentes, com vista à observação de comportamentos e interação em contexto de grupo, são desenvolvidas atividades (adotados pelos utentes da valência
Residencial XXI, como também do Lar Nossa Senhora da Encarnação) recorrendo a programas de estimulação cognitiva, sensorial e motora, terapias e sessões psicoeducativas que sustentam a avaliação grupal e individual. Essas iniciativas
fomentam a partilha, aproximação, criam laços de afinidade e envolvimento social, contribuindo assim para o bem-estar psíquico e melhoria na gestão de emoções do idoso enquanto elemento inserido no grupo. Para tal, reconhecer as limitações e necessidades, avaliar riscos inerentes e adotar estratégias preventivas de declínio cognitivo e físico são a chave para prestar cuidados humanizados e de qualidade à população idosa.

A conceção e realização de abordagens cuidativas devem fundamentar-se em conhecimentos teórico-práticos que respeitem princípios humanistas, como a dignidade enquanto pessoa e a preservação da autonomia. É essencial garantir o direito à participação e ao desenvolvimento vital ao longo de vida, promovendo a ideia de plasticidade e educabilidade desde o nascimento até ao fim de vida. Isso implica criar ambientes que favoreçam a continuidade da aprendizagem e da adaptação, permitindo que cada idoso maximize o seu potencial, independentemente da idade ou
das circunstâncias.

Desta forma, a humanitude na saúde mentalé essencial para promover o bem-estar nos nossos utentes, uma vez que enfatiza o respeito pela dignidade humana e a valorização da individualidade. Essa abordagem, munida de estratégias
humanistas, promove um vínculo de confiança entre profissionais e utentes, incentiva e motiva utentes a participarem ativamente no seu cuidado, reduz o estigma, contribui para a promoção de uma experiência mais positiva melhorando a
satisfação e motivação do idoso — e, sobretudo, aborda o indivíduo como um todo, considerando as dimensões emocionais, sociais e culturais para um cuidado mais integrado e completo. 

Em suma, a saúde mental é de facto fundamental para o bem-estar geral, sendo essencial apostar na prevenção e promoção para que os nossos utentes mantenham a mente ativa e vivam de forma mais plena e satisfatória.


CAROLINA GONÇALVES PINHEIRO
Psicóloga Clinica