O VOLUNTARIADO PELOS OLHOS DE QUEM O FAZ

Entre os muitos pontos de vista que definem voluntariado, escolhi um que considero ser aquele que mais me apaixona “O voluntariado é
um elemento chave na participação e implicação da CIDADANIA para melhorar a sociedade” (Fundación La Caixa 2009).

Na tradução optei por colocar a palavra chave em maiúsculas precisamente para realçar que voluntariado é, na sua essência, uma questão de CIDADANIA.

Considerando o meu caso pessoal, gosto de ver a minha actividade como uma forma de devolver à sociedade uma parte daquilo que ela me paga através da minha reforma; e também como uma estratégia de envelhecimento ativo.

O voluntário tem uma disponibilidade quantificável chamada tempo e procura investi-la ao serviço dos outros; só por si essa disponibilidade temporal não faz de alguém um bom voluntário, tal como o hábito não faz o monge; é preciso uma forte disponibilidade emocional. Estamos a referirnos à capacidade de ser empático, ou seja, à capacidade de nos colocarmos no lugar do outro, de ouvir sem fazer julgamentos, de nos emocionarmos dentro de um limite saudável.

A tudo isto podemos juntar o riso aberto e sincero e, porque não, a capacidade de contar uma anedota na altura certa para quebrar o gelo, despertar sorrisos e alimentar a esperança.

Por fim, e no que toca a qualidades, é preciso uma generosa dose de resiliência; nem sempre é um trabalho fácil e nem sempre o voluntário é a pessoa mais paciente do mundo.

Iniciei o meu voluntariado nesta Instituição, mais concretamente na Unidade de Cuidados Continuados Integrados (UCCI), no Hospital Dom Manuel de Aguiar, no ano de 2011. Tinha acabado a minha licenciatura em Serviço Social, estagiei na referida Unidade e acabei por ficar como voluntário uma vez que já estava reformado.

Presto apoio à valência de fisioterapia. Gosto muito dos meus utentes; é por eles, e apenas por eles, que eu faço vinte quilómetros de
bicicleta cada vez que vou trabalhar; claro que também é uma maneira de ser voluntário pela preservação do planeta. Para além da enorme satisfação em estar com os utentes também é relevante salientar que adoro a equipa com quem colaboro: são pessoas extraordinárias que todos os dias fazem pequenos milagres.

OPINIÃO José Arroteia. Voluntário na Unidade de Cuidados
Continuados Integrados